sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Orquestra de mulheres cegas do Egito




A escuridão infinita é invadida
pelos mais intensos sons.
A invisibilidade das notas transmuta-se
numa racionalidade de verbo táctil
conduzindo a já elevada audição
em meio a vôos e flutuações
à verdadeira função musical
onde o espírito saboreia lentamente
cada fragmento que se desprende
enlouquecidamente suave do instrumento.
O violoncelo rasga o nada infinito
derramando sutilezas na amplidão do peito,
aguardando outras notas fugidias
elaborando a concretude desse caos
de abstrações sutis e explosivas.
O vago dos olhos repousam
na escuridão infinita suprimindo o horizonte,
sentindo a intensidade colorida do mundo
erguer-se lentamente ao redor
sublevada na invisibilidade dessa força poderosa
que olho algum há de ver.
.
Zé Ninil

Nenhum comentário:

Postar um comentário