sábado, 19 de abril de 2014

Pano de Chão








Pano de Chão

Lambendo cada vinco de tempo
esquecido ou vivido
espalhado pelo chão.
Deslizando-se sobre momentos
fugidios ou abraçados veementemente
arrastando para si o sim e o não.
Língua roçando cada fresta
disposta em geometria vã
direcionada à única absorção.
Amontoado de instantes outros
noutros se fazendo todo.
Amalgamada (de) composição
conspurcando os fios da pele
na invisibilidade espalhada
que só se mostra com o tempo.
Cuspe do tempo no granito
absorvido na lentidão do passo
torcido no ralo dos dias
vomitando-se a sobra
juntando-se aos novos resquícios
insistentes na superfície.
Seco e devidamente tatuado
com os vestígios diários
pela limpeza oferecida
dança solene ao vento
orquestrando seu plano de voo
reinventando seu plano de chão.





                                                           Foto: Ninil





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