segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Tê-la inteira na tela

.
Planejava instantes eternos entre nós,
mas o vento que te trouxe
caminhante sorridente
te levou
rápido e gargalhante,
dissolvendo as cores
que não cheguei a pintar.
As retinas estão vagas, incompletas,
imersas no branco eterno da tela.
Rasgarei –a,
pintarei apenas os fios retorcidos do corte,
eternizando a cicatriz,
a maior entre as muitas.
Irei Colocá-la num canto,
onde meu olhar constantemente
insiste em perder-se.
Contemplarei os sonhos adormecidos
impossibilitados de erguerem-se,
ante a tinta que secou impaciente
entre os fios do pincel,
antes de pousar o branco infinito
que suplicava por cores.

Ninil Gonçalves-94

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