terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Roub-ar

Confesso desde já:
Continuo a roubar.
Dormindo, acordado
correndo, andando,
rindo, chorando, gozando
com raiva e até parado,
continuo a roubar.
Não que eu queira,
está além de mim
não existe um freiar.
Até tentei certo dia,
cerrei os dentes
tapei os olhos,
tranquei as narinas...
Um pouco até deu pra suportar,
mas o peito aflito
reclamou o vazio ,
sacudiu-me impetuoso
e o corpo todo respondeu
em fremente despertar.
Não adianta , não consigo parar!
Essas pobres árvores
continuarão sendo vítimas
desse meu anseio de viver
e da necessidade de furtar
o mais nobre alimento existente,
que moeda alguma consegue taxar.
Então, livre da vontade de parar,
visto minha alma e saio à rua
lentamente à respirar.
O peito infla-se ao máximo,
ladrão de vida,
solto no ar.

Ninil Gonçalves-2008

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