domingo, 27 de setembro de 2009

Mãos

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Mãos

à Rai

O barro absorvendo a música do ser
na suave veemência orquestrada
sob tranqüilo abraço dos dedos.
A forma se alterando no movimento
que coordena o reflexo do mundo,
sentindo da aspereza de ternas mãos
acostumadas à frieza de ferramentas,
brotar a arte que nasce de um povo
que se lança na essência das coisas,
revigorando a identidade sufocada
entre plásticos, cópias e numerações.
A lasca sutilmente lançada da madeira,
pousando no aconchego dos cabelos.
O amargo pó que rodopia na claridade,
adentrando a garganta seca de palavras.
A palha deslizando pelos antigos cortes
a aspereza sonora das músicas diárias,
elevando-as a um acalanto melodioso
que se embrenha em meio ás linhas,
emaranhando todos os fios dos dias
numa única trança do tear da vida.

Ninil


foto:Roberto Hunger Júnior

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