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Sharon Jones
Que voz é essa? O que é isso? Quando foi feito isso? Foram estas algumas da perguntas que fiz a mim mesmo, quando ouvi Sharon Jones pela primeira vez. A princípio fui arremessado aos anos 1960 e 1970, mas não me lembrava de nenhuma cantora e nenhuma daquelas músicas, então resolvi descobrir de quem era essa voz fantástica. O nome dela é Sharon Lafaye Jones e nasceu na Geórgia, Estados Unidos. Mudou-se para Nova York quando criança e lá começou a cantar em igrejas. Já cantava em bares nos anos 1970, mas nunca conseguiu apoio para gravar. Em suas próprias palavras: "Ninguém me aceitava na indústria da música. Diziam que eu era muito negra, que eu era muito gorda... Diziam que eu era muito nova, que não era bonita o suficiente, aos 25 anos me disseram que eu estava velha... Então fui fazer outras coisas." Entre essas outras coisas, foi carcereira e segurança de carro forte, mas nunca deixou de lado sua paixão pela música, em 1996 foi chamada pela Desco Records para participar com vocal de apoio da banda Soul Providers, a banda ficou tão impressionada com a voz de Sharon Jones que acabaram formando o “Sharon Jones and the Dap Kings”. Gravaram o primeiro disco em 2001 chamado “Dap Dippin”, que tem uma sonoridade rústica e chacoalhante, lembrando o James Brown de “There it is” ou “It´s a Mother”, mas com muita personalidade. O segundo disco se chama “Naturally” e já sentimos a amadurecimento musical e uma produção mais cuidadosa, mas também sem perder a essência da soul music que o grupo busca. Foi através deste disco que Amy Winehouse conheceu Sharon Jones, após ver a banda ao vivo não pensou duas vezes e chamou toda a banda de Sharon Jones para gravar o ótimo Back to Black, pois é, para quem achava que o som da Amy Winehouse era original e fruto de um trabalho individual de pesquisa, pode esquecer, porque o som de Back to Black é totalmente Sharon Jones, inclusive a banda. Notem a diferença entre o primeiro e o segundo disco da Amy, a sonoridade muda radicalmente, não estou querendo dizer que a Amy é um plágio de Sharon Jones, mas a base sonora de seu segundo disco é mais “Naturally”, do que propriamente a soul music dos aos 60 e 70. Amy Winehouse tem todos os méritos que lhe são conferidos, mas seu sucesso se deve mais à sua vida do que sua música e infelizmente ela tem gostando dessa situação e vem fazendo mais barulho na mídia do que música, que é uma infelicidade, porque tem uma voz belíssima e é muito criativa. Em 2007, Sharon Jones lançou “100 days, 100 nights”, que comprova a qualidade tanto da banda quanto da band-leader, num disco primoroso e belíssimo. A sonoridade continua soando natural e não como uma mera reciclagem da soul music, como muitas bandas fazem por aí. James Brown e alguns sons feitos na Motown e Stax são as principais influências dessa banda que continua usando instrumentos analógicos, gravando em fita e ao vivo. Talvez por isso a sonoridade seja tão própria e consiga resgatar os elementos primordiais da verdadeira soul music.
Ninil
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