domingo, 23 de agosto de 2009

Mercado poético

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Mercado

a Nelson de Oliveira

Horda de navegantes procurando assento,
mesmo que ausente em suporte racional
vociferando em pergaminhos flutuantes
aquilo que vaza incessantemente do peito
esparramando-se entre teclas, telas e chips,
inundando o espaço ausente de sinais vitais
esvaziando o acúmulo daquilo que grita
ante o anestesiado e indiferente tímpano
solícito a uma virtualidade programada
sob o comando de um estrondoso uivo
ampliado no valor do signo dos dígitos,
sufocando o eco do belo vibrar de páginas
silenciando o papel que conhece as mãos,
mas impulsionando a necessidade do verbo
em atirar-se à fugaz invisibilidade do vento
que não poupa canto algum onde se deitar
adaptando-se aos formatos que se erguem
na híbrida renovação contínua da linguagem,
evitando a gratuidade do apenas publicar
como programado mergulho no mero reflexo,
ampliando a circularidade do diálogo
na instantânea desconstrução do espaço.

Ninil





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