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Sopro
a Maceo Parker
Ar que desconhece o espaço definido
mergulhando extasiado nos alvéolos
esgueirando-se em rodopios sutis
excitando os infrenes tubérculos
exímios dançarinos impulsionados
pelo invisível e poderoso alimento
fugindo pela verticalidade infinita
dessa verdade quente e desmedida
que rasga em sutileza a garganta
enlouquecida ventania desabando
pelo vazio gelado do mágico tubo
fôlego adentrando tranquilamente
deslizando pelo silêncio metálico
aquecendo por inteiro esse corpo
em colorida e inesgotável abstração
lançada em brasa flamejante do peito
desabando na quentura do sopro
possibilitando a intensidade do grito
desvendando o trajeto que se ilumina
transformando em notas ferventes
a invisibilidade aconchegando-se
na plenitude conquistada no som
lançada sobre o frenesi dos corpos
inaugurando espasmos contínuos
arremessando-os por todos os cantos
absorvidos no redivivo instante
erguido no rodopio infinito do sopro.
Ninil
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