quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Breve

.





Breve

Véspera da espera desesperada do fim
amontoando-se em mínimo instante
imperceptível à corpórea racionalização
que se abstrai rumo á concretização
do deslocamento que nunca veremos.
Onde está a velhice que se via ao longe
quando os pequenos membros rumavam
entre risos e passos desenfreados?
Onde está a infância que ontem mesmo
estranhava dentaduras e múltiplas rugas
socorridas por bengalas e bancos?
O rápido movimento dos olhos
deixou o tempo escorrer imperceptível
ante a verdade que se lançava e retrocedia
diante da recusa em construir absorto olhar,
despovoando o peito de imprescindíveis instantes,
abarrotando-o de acúmulos desnecessários
de datas e inúmeros números tranqüilizantes
soterrando o contínuo fluxo do tempo
em esperas ou satisfações despercebidas.
Os olhos tentam buscar a estranha dimensão
da imensa linha que se perde no mínimo espaço
de um suspiro.

Ninil





.

Um comentário:

  1. A vida é realmente um breve instante,um piscar de olhos, mas que pode ser eternizado na percepcão de um olhar poético, esse seu olhar. Parabéns...

    ResponderExcluir