segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Acorde! Acordes!

.




Acorde


Que ser é você
que caminha com essa veemência
sobre esse amontoado de pétalas,
sem tocá-las?
Absorveu instantaneamente meu mundo
no primeiro acorde que rompeu o invisível,
devidamente elaborado para que a música
se condicionasse à esse estado de ausência
de qualquer intuito racional pré-definido.
Engolindo lentamente o insustentável silêncio,
as notas se multiplicavam atordoantes
no crescente tumulto instalado no peito,
repercutindo em estrondosos compassos
no percussivo e ritmado motor,
prestes à implodir-se na mais intensa nota.
Os neuronios agradeceram derretendo-se
dentro dessa sonora e abstrata explosão.
Te conheci pelo inquestionável amor
ao barulho, ao ruído, à melodia, ao som.
Absorvidos como farta alimentação
à um corpo cansado do real brutal,
afastando-se da fácil construção melódica,
que oferece uma pauta estreita e retilínea,
condensada em mínimos elementos.
Que ser é você,
que vagueia por aí flutuando entre acordes?
Enquanto eu,
vivo tropeçando nos instrumentos.




Nenhum comentário:

Postar um comentário