domingo, 8 de janeiro de 2017

Cristina nos Olhos




Cristina nos Olhos

Lâmina negra desenrolando-se
rasgando o verde silencioso
afunilando o rumo certeiro
entre falantes memórias soltas
gritando passado em sussurros
de nítida atemporalidade verbal
destituindo da velocidade do olhos
o apreendido no raso da retina
restituindo o que se enroscou
no abismo profundo do olhar
espiralado ao primitivo instante
deitando-se em lembranças diárias
do ruidoso afago das esquinas
do insistente murmúrio das águas
na noite que nunca termina
no dia que nunca tem fim
na vida que anda a passos calmos
nos instantes que nunca se perderam
recuperados nos delicados acordes
que brotam entre pedras, gramas,
tijolos...
em cada passo que se perde
onde sempre me acharei.


                                            Ninil Gonçalves

Um comentário: