Sebastião
A Sebastião Salgado
A Sebastião Salgado
Ossos
espalhados pelo chão
brinquedos
possíveis
de uma
verdade circundante
expondo a
fratura dos dias.
Olhar de
Sebastião tão doce
sobre o
amargo que se derrama
na ausência
de cores
na
insistência das dores e horrores
na rudeza da
ruga que se refaz
em beleza na
lambida da luz
no dorido
desbotado que se amplia na retina
dos olhos
abertos da criança sem vida.
Explora a
dor dos outros?
Acusação
vociferada dos olhos fechados
ante aos que
gritam sua dor diariamente
ofuscados
pela luz que cega
o olhar
limitado em si mesmo.
Sebastião,
olhar que
não se basta de tão outros
desvendando
assim como no nome
o sagrado de
cada pedaço de vida
que se junta
a cada lugar desabitado
a cada
trabalho que se desdobra das mãos
a cada novo
êxodo sofrido pelo corpo
na gênese
reconstruída pela luz
no diálogo
com o perfume das formas.
Ninil Gonçalves
Foto: Sebastião Salgado (Terra)
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