sábado, 31 de outubro de 2009

Isobel Campbell e Mark Lenegan






Isobel Campbell e Mark Lenegan – Sunday at Devil Dirt


Só agora ouvi este maravilhoso álbum que foi lançado em 2008. Fiquei embevecido já na primeira audição, o disco traz uma sonoridade sombria e ao mesmo tempo suave, graças à voz gravíssima de Mark Lenegan, que está cada vez mais parecida com a de Leonard Cohen, mas com muita personalidade, que lembra aquele timbre soturno, mas ao mesmo tempo suave. Esta voz de trovoada de Mark Lenegan, descobre o equilíbrio necessário ao se encontrar com a quase sussurrante e delicada voz de Isobel Campbell, voz linda que parece ser trazida pelo vento e nos envolve.
Os dois são figuras importantes da música alternativa das duas últimas décadas. Ele foi vocalista de uma das mais interessantes bandas do Grunge, mas infelizmente foi soterrada pela avalanche de bandas ruins que invadiram a mídia. Ela deu aquele toque poético tanto na voz quanto nos arranjos de cordas do Belle and Sebastian.
Este disco mostra claramente a evolução dos dois músicos. Inicialmente parece que o Mark Lenegam vai cantar sozinho o disco todo, mas aos poucos a voz de Isobel vai surgindo e mostrando a beleza de seu canto. Ela não insiste na delicadeza contínua da voz que é sua marca registrada e ele não faz questão de mostrar toda aquela rouquidão que o deixou conhecido, eles conseguem dosar a medida exata para que o outro se sinta a vontade para desenvolver seu canto. Como grande violinista que é, Isobel criou belíssimos arranjos para cordas, que deram uma estrutura sonora essencial, já que na base, poucos instrumentos são utilizados. Além de Leonard Cohen, também podemos citar como referências sonoras, Johnny Cash e Nick Cave.
Difícil destacar uma música entre tantas boas, mas me arrisco em “Shotgun Blues”, já que trata-se de um blues rasgado que é cantado pela suavidade estranha de Isobel, trazendo o contraponto entre o suave e o rústico, tendo ao fundo o som do chiado de um vinil.
Isobel Campbell produziu, mixou, criou os arranjos e escreveu todas as músicas do disco. Talvez ela tenha deixado o Belle and Sebastian por causa dessa dose excessiva de criatividade, ela tinha outros caminhos a seguir e ao ouvirmos este disco, percebemos que este caminho está sendo construído com música de grande qualidade e que infelizmente não chega ao ouvido de muita gente. São duas grandes figuras que se uniram para fazer um trabalho de grande qualidade e quem sai ganhando com isso somos nós, já a música alternativa hoje em dia não tem nos oferecido coisas realmente relevantes, fora alguns nomes essenciais.
.
Ninil


.

Nenhum comentário:

Postar um comentário