quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Avesso

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Avesso



Lado errado conforme a forma

que deforma as necessidades do ser.

Gauche optando pela guache

deformando-se com a chuva,

lavando as identidades idas

na intempestiva e inusitada dança

do ir...

resistindo em revestir-se

na instauração do subjugado ser

moldado em inalterado e análogo óleo

sugerindo harmonia na forma

imutável no escorrer do tempo

empalidecendo a certeza dos tons.

A experiência do avesso como via

no desavindo ato ontológico

de absorção continuamente desejável

de necessidades sempre confiscadas

pela uniformidade do confortável

tamanho único enumerado.

Avesso retorcido e tecido em si

na unicidade cabal de cada um,

unindo nas diferenças específicas

o valor de cada qual

naquilo que não é qualquer coisa.

Assim como a vestalidade não me cabe

na usualidade que cobre meus dias,

reitero o valor do meu avesso

vestido de si em permanente desalinho

como apropriado ao desfile da vida,

indiferente ao obrigatório código de barras

medidor de suposta relevância vivente.

Revés da forma apta ao agradável,

o avesso oferece o não desejado lado

do acabado, moldado e configurado,

posto em certeza pelo simulacro

da evidência como pungente classificação

do que se reveste na superficialidade,

amparada unicamente no relevo sublevado

da representação imagética do ser.


Ninil




Fotos: Ninil

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