segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Barulho








Barulho


 À Sandra Ferraz Walsh



Vá meu amigo, faça barulho!

Grite a todos a palavra silenciosa

que guardavas atônito e esfuziante.

Distribua a melodia ruidosa e sutil

circulante desenfreada pelo peito

misturando à regência contínua do vento

envolvendo os corpos com sua sonoridade.

Não um barulho que surrupie apenas olhares

comprobatórios do instante que se faz vida.

Construa no silêncio dos passos o seu barulho,

aquele que se derrama no ouvido do peito

posto em taciturna audição a receber sortilégios

fabricados na constância de insubmissos voos

de pousos cada vez mais rareados.

Vá meu amigo, faça barulho!

Bata palmas, panelas, tambores e dentes!

Mesmo que os ouvidos se fechem ante o som

e sua reverberação alcance somente o derredor,

grite a música que te move diariamente,

construída no silêncio que todos conhecem

conhecida no silêncio que somos construídos.


Ninil





Fotos: Ninil

2 comentários:

  1. Vá meu amigo, faça poesia!
    Estava com saudade de seus escritos...

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  2. ADOREI, Ninil!
    Sua escrita nos convida a imaginar!
    Parabéns!

    Saudações literárias,
    Josane Mary

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