quinta-feira, 21 de maio de 2009

O Canto das Sirenes

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O Canto das Sirenes
Ao Mécanique Vivante


Nenhum artefato bélico zumbia pelos ares
derramando seu vômito destrutivo sobre nós,
nem o chão tremia sob o avanço de tanques,
tampouco a morte sussurrava seu canto obscuro.
Outras armas disparavam uma profusão de acordes,
enlouquecendo cada centimetro do trêmulo concreto.
A paz reinava serena entre o cheiro de mijo
que inundava cada passo na velha calçada
suportando o balé de pernas trôpegas recusando o fim do dia,
num envolvente embate de corpos extasiados.
O grito das sirenes desabava seu indelével instante
convocando os corpos em magnética condução
ao mergulho na explosão da célula nervosa
construindo a verdade na longínqua sonoridade
escorrendo pelos vidros e paredes dos prédios
varrendo o canto das calçadas e as luzes do viaduto.
Convocava os corpos displicentes e dominicais
aperceberem-se de si , no complemento circundante,
descobrindo a totalidade no corpo do som,
no canto que o instrumento rege como verdade.
O instante que pode ser mera experimentação
de notas exploradas além do risível satisfatório
ou um mergulho asfixiante na substância total
da música que esfacela qualquer princípio...
de finitude da constituição sonora do ser.


Ninil







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Um comentário:

  1. Nossa verdade! também lembrei do sr. waitts de um clipe que meu garoto me mostrou faz uns dias...
    ele estava com um megafone,muito bom! adoro megafones quando são usados em música...Me lembro
    de vários cantores que já usaram um megafone ou a "imagem" do megafone em letras de música!
    muito obrigado pelo comentário e pela visita,volte sempre que quiser ^^
    ps: Seu texto tem ótimas imagens alem das fotos que combinam com o post!!!
    abraços!

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