sábado, 25 de abril de 2009

Eco infinito

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Eco infinito

A Haroldo de Campos


No vão da memória
esvoaça o anjo concretamente abstraído,
pairando sobre as sombras absortas na voz
armada até os dentes...
de crisântemos erguidos no tempo,
sem tempo que finde
o flutuante espaço fixo
que repousa em qualquer canto,
em qualquer palavra, em qualquer coisa,
constituindo-se em contínuo movimento
entre, ante, sobre, dentro...
sob as pálpebras entrelaçadas na umidade
necessária e providencial na irrigação dos dias,
instaurando dentro desse eco infinito
a verdade moldada no passado,
onde o instante sufocou-se
diante do grito ensurdecedor
da voz surgida da palavra,
ecoando a continuidade do real
que não cabia mais em si,
atendo-se no instante que o fixou
na verdade construída em linguagem.

Ninil



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2 comentários:

  1. Raimundo caiu
    não seu mundo.
    E, enquanto o medo
    dormia,
    levantou cedo
    para caiar o dia.

    Não resisti e juntei dois comentários em um, abraços
    Cris Alves

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  2. Ah Cris!
    Como sempre, nem os comentários estão imunes à sua bela e certeira
    poesia. "Levantou cedo para caiar o dia.", isso é muito forte, sutil e verdadeiro!

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