quinta-feira, 26 de março de 2009

Fogoesia

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Fogoesia

Avesso do osso roído diariamente,
distante do credo que cinge os corpos
em mínimo espaço de calculada asfixia.
Áspera língua encharcando as calçadas
de escorregadias aflições diárias,
desconstruindo os programados passos
na imprecisão do instante que surge
vociferando-se existência autônoma
diante daquilo que sucumbe
ao freqüente atalho do óbvio.
Face desprovida dos singelos traços
de uma moldura bem trabalhada,
organizando as cenas decoradas
na continuidade prescrita.
Brasa reticente aguardando ansiosa
a chama brotar do fundo dos olhos,
incendiando o pavio da outra voz,
sufocando isqueiros e lança-chamas,
descobrindo em quase tudo
as imprevisíveis e descontínuas faíscas,
irradiadas na cumplicidade de novos
e necessários incêndios.





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