.
Benditação
O vermelho do açafrão
rodopia luminoso
entre
incensos e gases lacrimogêneos.
As vozes que nunca se mostram
invadem o ar
em fúria ancestral.
Fúria querendo amor,
Mianmar .
Miasmas pelos corpos.
O laranja como verbo
de contemplação e amor,
tingindo o cinza
que sorve os dias
num único gole.
Do fundo da silenciosa meditação
irrompe em crescente intensidade,
um grito que rasga o peito
rompendo
a estagnação do só pensar.
Punhos ao ar,
doce lança primal
girando
entre sirenes e armas.
Nascida no silêncio,
erguida em doce fúria.
A liberdade virá
Mianmar.
ninil-2007
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