sábado, 18 de fevereiro de 2012

Riso no rio do tempo

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                                                                              Foto: Izabel Marinho


Riso no rio do tempo                                             




                                                        À Izabel Marinho

Tempo contrariando a quebra das esquinas
observando o ido na circularidade da construção
enroscando a afoita surpresa do engatinhar
ao contínuo tropeçar dos passos cansados.
Acúmulo desenfreado de experiências
desperdiçadas no montante de necessidades
postas em fabricadas e postiças substituições
invalidando a enumeração serena das rugas.
Tempo reanimando o aconchego do mergulho
inundando os poros de disponibilidade ao riso
deixando-se escoar ao borbulhar da fonte
vívida no riso brilhante em cada mínima gota
onde o corpo se reconhece em desmesura
desconhecendo a grandiosidade vivente
posta em cada movimento extasiado do ser.
Tempo esquivando da obrigatoriedade fugaz
de afogar-se em águas devidamente elaboradas
condizentes ao fluxo descontínuo do simulacro.
Brotando, fluindo, resistindo...
Tempo construindo-se em memória contínua
descobrindo-se vivo nos vincos da pele
desvendando o viver no riso molhado
flutuando no salto de olhos fechados à água.

                                                                         Foto: Ninil Gonçalves


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segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Vestes Abandonadas




Vestes Abandonadas


À Marcia Moreira



Os cabides abandonados em algum armário

                    - qualquer um –

mensagem comprobatória de novo rumo,

descaracterizando-os como necessários suportes

à renovadora e diária vestimenta invisível.

Deixou os saltos enroscados naquilo que os rebaixa,

no suposto molde da avenida de passos precisos,

seus saltos catapultam-se em pensamentos agora.

A fita métrica emudeceu-se ante a frieza do tecido,

olhos calculando o infinito valor de cada página

tecendo um emaranhado de coletivas idéias.

Contá-las? Apenas aos ouvidos atentos e curiosos.

Veste-se em palavras colhidas diariamente

esparramando-as cuidadosa no percurso alheio

mostrando que ensinar se constrói aprendendo

e a vestimenta se dá pelo avesso da imagem

tecida em sonhos ao redor de si.


domingo, 12 de fevereiro de 2012

Proibido Colar Cartazes

Foto e magnífica frase:?




Proibido colar cartazes

                                                                                                    
                                                             A Mariana Sapienza e Tatiane Araújo


Poupe-me do esforço de gritar quem sou

já que o silêncio se compromete com tal

vociferando mudas notas ensandecidas

no contínuo embevecimento de estar

deslocando-se a cada inédito instante

empreendidos na urgência de respirar

o que os pulmões sutilmente derramam

no fluxo desse rio de incessante renascer.

Poupe-me do esforço de gritar quem sou

sufocado pela asfixiante invisibilidade  

só destituída nos acúmulos de adereços

obrigatórios à sublevação do status

continuamente reelaborado na supressão

de voos libertos de mesmos itinerários.

Poupe-me do esforço de renovar cartazes

de torná-los necessários ao grito sufocado

pelo equivocado ato de calar catarses

disseminado naquilo que não vai além DAQUILO

faltando-lhe um substantivo que evoque

a substância que grita o silêncio do ser.

Poupe-me de excretar incessantemente

A cola que cala necessidades subseqüentes

elaboradas em mecanismos financeiros

distanciando-me da rusticidade do muro

aproximando-me do catártico berro do barro.   





Foto: Ninil Gonçalves



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