sexta-feira, 22 de abril de 2011

Maracatu



Maracatu


Solo tremendo sob a explosão do couro

séculos rompidos na continuidade indivisível

erguidos em uníssona batida atemporal

rasgando o concreto em direção ao útero

telúrico aconchego ancestral perpétuo.

Súditos da folia-rainha dos corpos insanos

súbitos reinos erguidos da realeza de cada um

cortejo rasgando o ar em involuntária dança

sublevada pela imprescindível necessidade

do movimento orquestrando o ritmo do ser.

Turba rumando flutuante a qualquer ponto

estabelecendo seu espaço dentro do som

dentro de cada batida resgatando o contínuo

na estrada reconstituída ao elo passado

aconchegando todos em única nota infinita.

Cortejo explodindo os viciados tímpanos

na insistente e barulhenta caixa torácica

estilhaçando qualquer sinal de mínima inércia

instaurando a atemporalidade sonora

sob a entrega dos corpos que flutuam

dentro de cada batida do tambor do peito.


Ninil


  Fotos: Ninil

Um comentário:

  1. Você tem bossa com as palavras!
    Que encanto estão esses versos...

    Um beijo imenso!
    FELIZ PÁSCOA!

    ( ),,( )
    (=':'=)
    (,,)♥(,,)

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