terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Chuva

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Foto: J B Neto


Chuva


Goteira martelando a cabeça

Fio de paciência sugado pelo ralo

Esgoto cuspindo tudo de volta

Ossos novamente enregelados

Jorro contínuo céu abaixo

na beleza cristalina coreografada

O choro, o grito, o medo, a lama

O sofá e a TV assistem à calçada

O carnê, a conta e o imposto

boiam em fragmentos imundos

entre os corpos de volta à terra

num interminável abraço coletivo.


Ninil




3 comentários:

  1. Oi Ninil,
    sempre poetizando esta crônica da vida. Parabéns pelos trabalhos, o resto é tristeza infelizmente.
    Saudades,
    Mari

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  2. Belo seu poema molhado de outras águas
    diferentes daquelas que caem do céu.
    Saudade de você e da Mari.
    Beijos Cris

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  3. Isso sempre me lembra que a gente não é nada. A gente começa a Ser quando sabemos disso e saímos dessa inconsciência de nos acharmos reis do mundo.

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