Outro Silêncio
Não, não ouça nada!
Ou melhor:
Deixe que o supostamente nada lhe abasteça
das mais diversas formas que o silêncio vocifera.
Assim como a linguagem construída na improvável
e inconsistente ausência total de som
abastece a folha em branco de infinitas variações
sob o ruidoso atrito da ansiosa e vacilante caneta
na pauta desacordada,
sob a multiplicidade silenciosa que abarca o branco
ampliando a complexidade de sons e ruídos
condensados na identidade transfigurada
que inunda todo nada... ausente.
Assim como a musicalidade que brota do texto
no silêncio que invade os olhos,
referência total à desconstrução e descontinuidade
na relevante elaboração do som,
ampliando a infinita vociferação do silêncio
no extenso grito das moléculas
repercutindo em ecos cada vez mais intensos
quando o silêncio se faz grandiosidade ao redor,
não aquele que ilusoriamente se faz presente
sob forçado refúgio de formas inconsistentes
mas daquele cuja busca descortina as variantes
de notáveis notas inclassificáveis e multiformes
naquilo que antes se fazia apenas inexistência.
Ninil Gonçalves
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