Jimi Hendrix - Valleys of Neptune
A relação que a música pop tem com a morte precoce é algo realmente irritante, pois em todas as décadas surgem alguns mitos que serão lançados ao posto de gênio. Infelizmente alguns destes realmente são bons e não deveriam ter partido tão cedo, um desses casos é Jimi Hendrix. Nunca fui fã de guitarristas, pois os acho um tanto exibicionistas e o delírio que as pessoas sentem ao verem o deus solar sua guitarra é algo que me lembra torcida organizada na hora do gol, um verdadeiro delírio religioso.
Este não é caso do Jimi Hendrix e alguns outros mais discretos, mas o que acontece com ele é muito diferente, pois Hendrix colocou o blues num nível diferente de concepção musical, tudo é levado a um nível de experiência sonora inqualificável, já que ela rompe com os padrões de uma simples audição, elevando o ato de ouvi-lo à uma imersão em camadas sonoras cada vez mais alucinógenas, mas isso sem que qualquer substância altere a nossa percepção. Isso não é somente pela intensidade sonora que o The Jimi Hendrix Experience fabricava, mas pela forma como aquilo era feito.
Descobri Hendrix aos catorze anos e isso foi primordial para que eu deixasse de ouvir muita coisa. Minha mãe dizia que aquilo era uma “barulheira desgraçada” e não entendia como eu gostava daquilo. Era difícil ouvir Hendrix em casa, apenas minha irmã sentia a mesma simpatia por todas aquelas maravilhosas distorções.
Não fiquei empolgado com a notícia de mais um disco de Hendrix na praça, pois sempre que isso acontece colocam uma ou duas inéditas e o restante é material já conhecido e estão lá só para complementar o que falta para completar um disco e vender muito. Acho que como aconteceu comigo, muita gente quebrou a cara ao ouvir o “novo” disco do Hendrix, pois a maioria das músicas são inéditas e a qualidade do som é absurda, sim absurda! Fizeram um trabalho impressionante de estúdio que deixou o disco impecavelmente bem gravado.
Logo que fui comprar o disco não hesitei em pedir a um amigo de uma loja ( onde sempre compro e converso sobre o que estou comprando, pois comprar música é muito diferente de ir ao mercado) “você tem o novo disco do Hendrix”, só pra ter um gostinho de estar em 1968, ele percebeu a ironia e lascou “aproveita porque esse cara tá maluco demais, não dura muito.”
Mais surpreendente foi a audição de “Valleys of Neptune”, pois religiosamente me preparei para ser absorvido por toda aquela música, assim como faço com outras especiais. O tempo já estava se modificando a alguns minutos e naquele momento os relâmpagos estavam rasgando o céu numa quantidade absurda e os trovões davam aquela tremida no prédio, se eu fosse um pouco místico acharia que era o próprio Hendrix faiscando seus solos entre nuvens, mas sei muito bem que era uma típica chuva de verão Paulistana e das fortes. Não hesitei e deixei o disco rolar: Há tempos não sentia tanto prazer em ouvir algo, o disco é perfeito e assim como os outros trabalhos de Hendrix, a música entra pelos poros e leva para outra dimensão. A música que dá título ao disco é fantástica, mas a que me deixou mais impressionado foi “Hear My Train A Comin’” na qual as camadas sonoras produzidas pela guitarra se entrecruzam numa névoa enlouquecedora e deliciosa.
O que me deixa mais feliz ainda foi a decisão da família em colocar no mercado um disco em que a maioria das músicas são inéditas e pelo cuidado com que o som foi trabalhado em estúdio, pois a irmã de Hendrix vinha fazendo umas barbaridades com o vasto acervo que ele deixou, inclusive alterando capas clássicas como a do “Electric Ladyland” que tinha aquela capa linda do Hendrix envolto por mulheres nuas, que por questões religiosas da família foi modificada. Agora falta chegar o vinil, aí sim o estrago vai ser completo.
A relação que a música pop tem com a morte precoce é algo realmente irritante, pois em todas as décadas surgem alguns mitos que serão lançados ao posto de gênio. Infelizmente alguns destes realmente são bons e não deveriam ter partido tão cedo, um desses casos é Jimi Hendrix. Nunca fui fã de guitarristas, pois os acho um tanto exibicionistas e o delírio que as pessoas sentem ao verem o deus solar sua guitarra é algo que me lembra torcida organizada na hora do gol, um verdadeiro delírio religioso.
Este não é caso do Jimi Hendrix e alguns outros mais discretos, mas o que acontece com ele é muito diferente, pois Hendrix colocou o blues num nível diferente de concepção musical, tudo é levado a um nível de experiência sonora inqualificável, já que ela rompe com os padrões de uma simples audição, elevando o ato de ouvi-lo à uma imersão em camadas sonoras cada vez mais alucinógenas, mas isso sem que qualquer substância altere a nossa percepção. Isso não é somente pela intensidade sonora que o The Jimi Hendrix Experience fabricava, mas pela forma como aquilo era feito.
Descobri Hendrix aos catorze anos e isso foi primordial para que eu deixasse de ouvir muita coisa. Minha mãe dizia que aquilo era uma “barulheira desgraçada” e não entendia como eu gostava daquilo. Era difícil ouvir Hendrix em casa, apenas minha irmã sentia a mesma simpatia por todas aquelas maravilhosas distorções.
Não fiquei empolgado com a notícia de mais um disco de Hendrix na praça, pois sempre que isso acontece colocam uma ou duas inéditas e o restante é material já conhecido e estão lá só para complementar o que falta para completar um disco e vender muito. Acho que como aconteceu comigo, muita gente quebrou a cara ao ouvir o “novo” disco do Hendrix, pois a maioria das músicas são inéditas e a qualidade do som é absurda, sim absurda! Fizeram um trabalho impressionante de estúdio que deixou o disco impecavelmente bem gravado.
Logo que fui comprar o disco não hesitei em pedir a um amigo de uma loja ( onde sempre compro e converso sobre o que estou comprando, pois comprar música é muito diferente de ir ao mercado) “você tem o novo disco do Hendrix”, só pra ter um gostinho de estar em 1968, ele percebeu a ironia e lascou “aproveita porque esse cara tá maluco demais, não dura muito.”
Mais surpreendente foi a audição de “Valleys of Neptune”, pois religiosamente me preparei para ser absorvido por toda aquela música, assim como faço com outras especiais. O tempo já estava se modificando a alguns minutos e naquele momento os relâmpagos estavam rasgando o céu numa quantidade absurda e os trovões davam aquela tremida no prédio, se eu fosse um pouco místico acharia que era o próprio Hendrix faiscando seus solos entre nuvens, mas sei muito bem que era uma típica chuva de verão Paulistana e das fortes. Não hesitei e deixei o disco rolar: Há tempos não sentia tanto prazer em ouvir algo, o disco é perfeito e assim como os outros trabalhos de Hendrix, a música entra pelos poros e leva para outra dimensão. A música que dá título ao disco é fantástica, mas a que me deixou mais impressionado foi “Hear My Train A Comin’” na qual as camadas sonoras produzidas pela guitarra se entrecruzam numa névoa enlouquecedora e deliciosa.
O que me deixa mais feliz ainda foi a decisão da família em colocar no mercado um disco em que a maioria das músicas são inéditas e pelo cuidado com que o som foi trabalhado em estúdio, pois a irmã de Hendrix vinha fazendo umas barbaridades com o vasto acervo que ele deixou, inclusive alterando capas clássicas como a do “Electric Ladyland” que tinha aquela capa linda do Hendrix envolto por mulheres nuas, que por questões religiosas da família foi modificada. Agora falta chegar o vinil, aí sim o estrago vai ser completo.
.
Ninil Gonçalves
Entre Beatles, Doors, Miles Davis que eu cresci ouvindo pelo gosto do meu pai, ouvia muito Jimi Hendrix e Janis Joplin, que pra mim são sons singulares e como você mesmo disse, nos faz viajar numa energia alucinógena e deliciosa...
ResponderExcluirAgora eu acabo com você; tenho vinis que meu pai me deu do Jimi e da Janis, entre outros, que ele comprou na década de Setenta, como ele mesmo me diz, "Num frenesi de liberdade..."