Ei-la!
A poesia se mostra no invisível ato da visão
Esconde-se no visível desacato de ser
Mostra-se na invisibilidade ignorada do ver
Opõe-se a favor do que não É
Sendo aquilo que bem entende
Regra o dilema que instaura a dúvida
Duvida da vida que duvida da vida
Irrompe do grito calado ensurdecedor
Derruba-se nos prantos escondidos
Esculpe-se em gargalhadas infinitas
Contorce-se no afago da brisa
Deliciando-se ao açoite do furacão
Esconde-se na sutileza da pétala
Mostra-se encharcando o espinho
Agiganta-se em grão mínino no universo
Esparrama-se no prato em alimento diário
Espreme-se sob solas apressadas
Descansa em umidades palmilhadas
Sobe velozmente ao inatingível
Desce suavemente ao aconchego do abismo
Caminha a passos largos o mínimo
Volteia-se em lentidão o desmedido ir
Dorme onde cama alguma se deita
Acorda em qualquer coisa que a deixe:
Despertar-se!
Instaura-se definitivamente no verbo ser
Qualquer coisa que seja algo de se ver.
Ou não!
Ninil
Fotos: Ninil
Lindíssimo, Ninil.
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