Foto: Ninil
Perfumaria?
A Roberto Piva
Submerso no sub-mundo dos versos.
Sub-mundana linguagem esquecida
subversiva à enfadonha linguagem
que enverniza a temperatura dos dias
cobrindo com morno manto de adjetivos
a matemática de falas bem calculadas
acorrentadas na melodia monocórdica
vociferada sob a regência do simulacro.
Linguagem posta em nula eficácia verbal
aos anseios acumulados em bolsos
em contínuos risos inalterados e nervosos
na ferocidade da liquidez cotidiana
erguendo-se sob novos deuses a cada hora
esquecendo-se na enxurrada vomitada
Por motores, espelhos e chinelos macios.
Linguagem amontoada em canto escuro
da prateleira que organiza o caminhar
classificada em anacrônica perfumaria
de vencido olor ante os cheiros diários
que inebriam o anestesiado olfato
que se esquece do verbo dos vermes.
Ninil
Zdzislaw Beksinski
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