Pano de Chão
Lambendo
cada vinco de tempo
esquecido ou
vivido
espalhado
pelo chão.
Deslizando-se
sobre momentos
fugidios ou
abraçados veementemente
arrastando para
si o sim e o não.
Língua roçando
cada fresta
disposta em
geometria vã
direcionada
à única absorção.
Amontoado de
instantes outros
noutros se
fazendo todo.
Amalgamada (de)
composição
conspurcando
os fios da pele
na
invisibilidade espalhada
que só se
mostra com o tempo.
Cuspe do
tempo no granito
absorvido na
lentidão do passo
torcido no
ralo dos dias
vomitando-se
a sobra
juntando-se aos
novos resquícios
insistentes
na superfície.
Seco e
devidamente tatuado
com os
vestígios diários
pela limpeza
oferecida
dança solene
ao vento
orquestrando
seu plano de voo
reinventando seu plano de chão.Foto: Ninil
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